Levar serviços públicos de qualidade a todos os brasileiros, valorizar e qualificar o servidor para excelência no atendimento ao cidadão, participação do funcionalismo nas decisões políticas que influenciam no funcionamento da máquina pública. Essas e outras questões foram debatidas por servidores e sociedade civil no primeiro seminário promovido pela Pública.
Com o tema “O serviço público e a qualidade da democracia”, o debate aconteceu na tarde da última segunda-feira, (26), no Auditório Freitas Nobre no anexo IV na Câmara dos Deputados, em Brasília. O evento inaugurou a campanha “Pública pelo Público” que tem como objetivo organizar debates, palestras e estudos entre servidores públicos, organizações da sociedade civil e agentes políticos para pautar nacionalmente a melhoria e valorização dos serviços públicos, como índice primeiro da qualidade do sistema democrático.
O secretário-geral da Pública, Antonio Carlos Fernandes, deu início ao evento ressaltando a responsabilidade social da Pública enquanto central sindical em defesa dos servidores das esferas Federal, Municipal e Federal. Logo em seguida, o presidente Nilton Paixão, que também compôs a mesa, frisou que a Pública enxerga o funcionalismo como uma linha de defesa de noção da cidadania: “o servidor público na missão de representar o Estado, em nenhum momento deixa de ser cidadão e por isso queremos uma nação melhor”.
A mediação foi feita pelo jornalista e editor de Brasil e Política do jornal Correio Braziliense. Leonardo Cavalcanti. Sua abordagem inicial focou a essência do debate e relatou a importância e a coragem em discutir o tema: “lutas internas da categoria não vão fazer com que os protejam da questão politica. A única forma do serviço público se blindar e se mostrar eficiente é estar exposto à sociedade”. A declaração abriu o início da manifestação de opiniões.
Grandes contribuições foram trazidas por todos os participantes que apontaram o desafio que será enfrentado pela Pública, na busca de encontrar formas de contribuição e liderança para a melhora do serviço público no Brasil.
Opiniões:
Leonardo Cavalcanti, moderador do debate, jornalista Editor de Brasil e Política do Correio Braziliense
“É preciso discutir o serviço público. Um debate que precisa de coragem. A única forma do serviço público se blindar e se mostrar eficiente à sociedade é estar exposto à sociedade.”
Leonardo Barreto, doutor em Ciência Política pela UnB e especialista em Comportamento
“É preciso ocorrer a abertura do serviço público e da burocracia à sociedade. E não necessariamente passando pela intermediação dos deputados ou dos politicos eleitos. Hoje já existe uma grande discussão de que a burocracia pode, por meio do desenvolvimento de uma cultura de participação ou de inserção do cidadão no seu cotidiano com criação de fóruns e conselhos, promover uma relação nova entre os servidor público e a sociedade. Pesquisas mostram que as pessoas estão insatisfeitas com os serviços mais básicos. É muito salutar que uma central sindical passe a se comportar, não só como entidade de defesa, mas como entidade que pense no serviço público, oferecendo subsídios para que os servidores pensem esses desafios.”
Giovanna Perlin, diretora de treinamento e desenvolvimento permanente da Pública, diretora de Igualdade de Gênero do Sindilegis e analista de RH da Câmara dos Deputados
“Precisamos de forma urgente que postos de chefia não interfiram nas instituições. Há uma grande dificuldade em implantar uma ação inovadora com reflexos tanto para os servidores como para a sociedade. A gente começa o projeto fantástico para administração pública que vai beneficiar a sociedade e encontramos um teto de vidro. Geralmente, o teto de vidro é quem está acima da gestão com interferência política. Quantos projetos bons ficam na gaveta? Ou eles começam a andar e param em determinada instância? E nós sabemos que não é por falta de condição técnica, essa nós temos bastante. Muitas vezes a sociedade fica achando que o servidor público é incompetente ou que ele não quer resolver determinado problema, mas sabemos que quem tem a solução técnica para o problema somos nós, porque nós convivemos com o problema.”
Luciano Gonçalves de Souza Carvalho, presidente da Associação Médica de Brasília
“Nós entendemos que a participação da sociedade para aprofundar as discussões e corrigir as distorções é fundamental. De alguma maneira o serviço público ainda é a essência dessa assistência.”
Rudnei Marques, 2º vice-presidente da Pública e presidente da Unacon Sindical
“Nosso olhar tem que estar voltado à cidade, é para ela que devemos prestar conta. Aí entramos na questão da transparência, não é nada mais legítimo do que a sociedade saiba quanto ela paga de serviço, quanto ela pode esperar pelo serviço que paga e quanto de serviço de qualidade tem que ser entregue à população”.
Nilton Paixão, presidente da Pública
“As pessoas que efetivamente trabalham na elaboração, no planejamento, no acompanhamento e na execução das políticas públicas estão na Pública e por isso, faremos um amplo debate para que os servidores públicos passem a amar mais os cidadãos”.
Severino Cajazeiras, vice-presidente da OAB-DF
“O Brasil, que tem uma das cargas tributárias mais altas do mundo, teria que oferecer qualidade de serviço também em sua mais alta qualidade.”
Fonte: Pública Central do Servidor



