A presidente Dilma admitiu que errou ao demorar a perceber a gravidade da crise econômica e voltou atrás em uma das principais discussões de campanha. Agora ela disse vai cortar ministérios e também cargos em comissão, que são esses empregos dados por acordos políticos. Deputados preenchem milhares de cargos.
Serão cortados pelo menos dez ministérios. O governo não explicou quais são, quem vai perder o emprego na Esplanada dos Ministérios e nem quanto se pretende economizar. Também foi anunciado o corte de pelo menos mil cargos até setembro. Essa falta de detalhes preocupa aliados do governo que fizeram as indicações para vários cargos dos ministérios.
A Presidência da República é um bom retrato do inchaço do governo. Foi juntando secretaria e mais secretarias: de Igualdade Racial, Micro e Pequenas Empresas, Assuntos Estratégicos, Direitos Humanos, Aviação Civil. Já são nove órgãos com status de ministério sob o mesmo guarda-chuva, uma estrutura que passou de grande para gigante. Em 2007 eram menos de seis mil servidores, hoje são mais de 18 mil.
Somando esses aos outros todos, a lista tem 39 ministérios. Brasília ficou pequena para o tamanho do governo, que agora fala em acabar com uns dez. A ONG Contas Abertas, que acompanha os gastos públicos, diz que é pouco. “Precisamos fazer com que a máquina funcione e com esse tamanho gigantesco, a máquina não tem funcionalidade. Acho que este choque é necessário e não é apenas se cortando dez ministérios não, acho que se pode cortar esses ministérios pela metade, que nós vamos continuar a funcionar”, diz o representante da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco.
O governo prometeu também cortar o número de servidores que ganham comissão, os chamados D.A.S. Hoje são 22,5 mil. E disse também que a limpeza, a manutenção, têm que custar menos, e que vai colocar à venda imóveis que não estejam sendo usados. Agora, de quanto vai ser a economia? O governo não falou. “Sobre o valor, nós não temos um número. A ideia é combinar todos esses processos que já estão acontecendo de modo individualizado, em uma iniciativa comum de melhoria de gestão”, afirma o ministro do Planejamento Nelson Barbosa.
E não precisou nem da oposição para fazer ressalvas, que vieram de um petista: “Acho que é uma boa decisão, embora todos nós saibamos que ela tem muito mais um conteúdo simbólico do que de realmente gerar mais recursos para o Estado”, diz o senador Humberto Costa do PT de Pernambuco.
A presidente Dilma falou sobre a reforma administrativa e disse que vai passar todos os ministérios a limpo em uma entrevista a três jornais, entre eles ‘O Globo’. Ela falou também que errou por ter demorado a perceber o tamanho da crise econômica e que, em agosto do ano passado, na campanha eleitoral, não dava para saber que a situação era tão grave, que isso só foi possível em novembro e dezembro, depois da eleição.
Nesta segunda-feira (24) movimentada em Brasília, o vice-presidente da República, Michel Temer, do PMDB, deixou o dia a dia da articulação política. Cargos e pagamento de emendas não serão mais conduzidos por ele, que ficará com as negociações para as votações fundamentais para o governo.
Nesta terça-feira (25), já vai dar para sentir a temperatura no Congresso com as mudanças na articulação política, porque é dia de votação com projetos importantes, como o que aumenta o limite de empresas que podem participar do Supersimples.
Fonte: Bom Dia Brasil