Cerca de 650 policiais federais de vários estados fizeram, ontem, uma passeata do Ministério da Justiça ao Palácio do Planalto, em meio a uma greve de três dias que se encerra hoje. No final do trajeto, confirmaram nova paralisação para 18 de março e fizeram uma vigília até as 8 da noite, para a qual levaram velas e pizzas.
“A velas são em homenagem aos colegas que morrem em confronto direto e aos que cometeram suicídio; e as pizzas simbolizam a insatisfação de tentar negociar com o governo por sete anos e não conseguir resposta”, disse o presidente do Sindicato (Sindipol-DF), Flavio Werneck.
O ato chamado de “Encontro do Elefante Branco” faz parte do calendário de protesto da categoria - única que não aceitou o aumento de 15,8% em três anos - em combate à ineficiência e ao descaso do governo.
Os seis mamíferos infláveis gigantes representavam a burocracia e a morosidade do Estado em atender às reivindicações de reestruturação da carreira, de reajuste salarial e de um plano de segurança pública que atenda aos anseios da sociedade. Werneck lembrou que a PF está ameaçada porque suas atribuições, descritas na Portaria 523/89, estão desatualizadas.
“Por isso, as atribuições foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Significa que a PF, sem atribuições, corre o risco de ver todas as suas investigações e tarefas, desde 1989, declaradas nulas. É preciso que haja rapidamente a legalização das novas atribuições”, ressaltou Werneck, ao destacar que o sindicato foi recebido e, mais uma vez, entregou a pauta, na última terça-feira (11), ao ministro da Casa Civil, Gilberto Carvalho.
“Apesar do aceno de boa vontade, ele disse apenas que vai analisar o assunto”, lamentou . Durante o ato, os policiais receberam a visita do senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
Dias afirmou que não estava lá em nome do partido - que congelou o salário dos servidores por mais de cinco anos - mas aproveitou a oportunidade para alfinetar a presidente Dilma Rousseff. Segundo o senador, “o governo precisa ouvir a PF, ou poderá sofrer uma derrota nas urnas”.
Para Àlvaro Dias, há apenas uma razão para que a atual gestão “desdenhe uma instituição como a PF, e essa razão é o receio de que os profissionais investiguem o próprio governo. Motivados e bem qualificados, eles podem levar para a Papuda outros mensaleiros”, reforçou.
O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), presidente da Comissão de Segurança Pública, questionou que tipo de “segurança o governo quer para o país” e reclamou que, no ano passado, apenas 18% do orçamento para a segurança pública foi empenhado.