A greve dos servidores do Judiciário, por reposição das perdas inflacionárias (40%) desde 2006, abriu uma crise entre o funcionalismo, a administração dos tribunais e os advogados que atuam em diferentes fóruns. Ontem, um dos dias em que o movimento - que começou em 6 de agosto - teve mais força, o sindicato da categoria (Sindijus) avaliou que cerca de 30% dos trabalhadores, de um total de 18 mil só no Distrito Federal, estavam em greve. As assessorias de imprensa dos órgãos, por outro lado, subestimaram a greve. Segundo informações do TRF e do TRT, “ninguém aderiu à paralisação”.
Jailton Assis, diretor do Sindijus, garantiu que, em algumas áreas, houve até suspensão de prazo, para não prejudicar as partes. “Na maioria das varas, só funcionam os trâmites urgentes”, disse. Ele estranhou o fato de seus cálculos terem sido contestados pela administração. “O nível de adesão foi tão alto que, na sexta-feira (22), a ouvidoria provou que 82,67% dos oficiais de justiça estavam parados e pediu que cumpríssemos o acordo de manter 30% do efetivo”, destacou. O servidor Wellington Ribeiro, 32, chefe do setor de distribuição do TJDFT, confirmou que as salas estão vazias. “Apenas os que têm cargos comissionados estão trabalhando”, destacou.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-DF), Ibaneis Rocha, lamentou a ausência dos trabalhadores e o grande número de tarefas acumuladas. “Os balcões de algumas varas estão totalmente cerrados. Diante das reclamações dos colegas, que não conseguem acesso aos autos, estamos acompanhando a greve e investigando se os servidores estão ou não cumprindo o seu papel. Faremos um balanço e depois decidiremos que atitude tomar”, destacou Rocha. Segundo ele, os advogados pediram a interferência da OAB com o argumento de que a paralisação começa a ter impactos financeiros negativos.
O advogado Glauco Rodrigues explicou que o impedimento não é unicamente para acessar processos que não têm prazo definido. “As agendas de audiências também não são marcadas e não conseguimos levantamento de alvará (receber créditos e honorários)”, destacou. “Como os oficiais de justiça não estão entregando os mandados, a gente perde muito tempo para resolver pequenas questões e ainda ficamos sem remuneração”, reforçou o advogado Stephan Botti, 29 anos.
Outros advogados, no entanto, apesar das estatísticas dos sindicalistas e das queixas dos colegas, garantem que suas rotinas não foram afetadas. O advogado Paulo Henrique Abreu, 45 anos, é um deles. “O atendimento continua normal, sem audiência paralisada ou adiada”, subestimou. “Houve pequenos atrasos, mas o padrão do serviço é o mesmo, quando a gente prova que precisa de um alvará”, destacou o advogado Claudinei Fernando, 35 anos.
Fonte: Blog do Servidor